Um dos principais desafios que deve ser enfrentado pela próxima legislatura é a implementação de políticas de fomento à agricultura familiar como forma de diminuir a insegurança alimentar que atinge atualmente 33 milhões de brasileiros.
Segundo o engenheiro agrônomo e professor da Universidade de São Paulo, Sérgio Paganini, a fome está ligada às desigualdades sociais que foram agravadas pela pandemia e pelo desmonte de políticas públicas importantes para a parcela mais pobre da população.
Dados do censo agrícola de 2017 mostram que a agricultura familiar encolheu 9,5% em dez anos. Enquanto a agricultura familiar perdeu 2,2 milhões de trabalhadores, o agronegócio criou 702 mil novos postos de trabalho.
Ainda assim, a agricultura familiar continua representando 77% dos estabelecimentos agrícolas do país, mas, por serem de pequeno porte, ocupam apenas 23% da área agrícola total.
A agricultura familiar é responsável pela produção de alimentos consumidos no dia a dia, representando 48% da produção de café e banana e 80% da produção de mandioca, 69% do abacaxi e 42% da produção do feijão.
Para Paganini, uma forma de garantir a produção de alimento da agricultura familiar é justamente fomentar políticas de assistência técnica.
“ Nesse cenário de desigualdades, que também se reflete no setor produtivo, que a gente ofereça melhores condições para a inclusão produtiva dos pequenos agricultores e da agricultura familiar como um todo. Por isso aquelas políticas tradicionais de apoio como a assistência técnica, principalmente, levar conhecimento e difundir tecnologias para o campo, isso é de fundamental importância”.
O Brasil está entre os cinco maiores produtores rurais do mundo e o agronegócio representou no ano passado 27,4 % do PIB.
Fonte: Rádio Câmara, de Brasília.